ARIA

Newsletter, Abril 2015

ARIA
Projecto PROMove-te
Equipa Móvel de Apoio a Crianças e Jovens com Problemas de Saúde Mental

A ARIA – Associação de Reabilitação e Integração Ajuda é promotora de um projeto piloto de prestação de cuidados integrados, clínicos e de reabilitação psicossocial, através da criação de uma equipa móvel que intervirá junto de 50 crianças e jovens com problemas de saúde mental. Os beneficiários têm idades compreendidas entre os 10 e os 25 anos, são residentes nos concelhos de Lisboa, Oeiras e Cascais e o seu encaminhamento é assegurado pelos Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência e Serviço de Psiquiatria de Adultos, através das suas equipas comunitárias de saúde mental, do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental. 

O projeto pretende criar uma intervenção em rede que dê resposta aos seguintes objetivos: promover a evolução favorável do problema de saúde mental e facilitar a inclusão dos beneficiários nos contextos normativos de cada faixa etária (casa, escola e emprego), capacitar a rede de suporte para apoiar o processo de recuperação e inclusão, bem como identificar os factores chave para o sucesso da intervenção em rede e disseminar boas práticas. Neste sentido, os parceiros - ARIA, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Logframe e Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar -  integram o projecto em função das suas áreas de intervenção e experiência. 

Este projeto iniciou em Setembro de 2014 e terminará em Fevereiro de 2016, sendo co-financiado pelo Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA Grants), cuja gestão está a cargo da Fundação Calouste Gulbenkian.

Trabalho Realizado
Promover a evolução favorável do problema de Saúde Mental

Até Março de 2015, foram encaminhados para a equipa móvel 38 crianças/jovens: 28 do sexo masculino e 10 do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 12 e os 24 anos e residentes nos concelhos de Lisboa, Oeiras, Cascais e Sintra.
Nesta dimensão, demos continuidade ao trabalho psicoeducativo já desenvolvido com vista à promoção da adesão à consulta e ao tratamento, complementando-o com diversos apoios, nomeadamente:
- Acompanhamento à consulta clínica;
- Mobilização de apoios sociais para despesas de transporte e de aquisição de medicação;
- Sinalização de necessidade de apoio psicoterapêutico.
Demos, ainda, continuidade, às reuniões clínicas com as equipas de saúde mental no sentido de delinear planos integrados de intervenção.


Facilitar a Inclusão

Nesta dimensão, a preocupação central consiste em facilitar a participação da criança ou jovem em contextos fulcrais para o desenvolvimento de aprendizagem normativas para a sua idade (escola, espaços culturais/desportivos e outros), tendo-se recorrido a vários tipos de estratégias para o efeito.
1- Na reaproximação à escola nas situações de absentismo/recusa escolar, foram desenvolvidas as seguintes acções: sessões individuais no domicílio, com vista à identificação de obstáculos à participação e ao desenvolvimento de estratégias de coping prévias (ex. exposição gradual em situações de agorafobia), acompanhamento à escola (com pares ou elemento da equipa), sessões individuais no espaço escolar, acordo de apoios variados (possibilidade de aumento progressivo da carga horária lectiva, fichas adaptadas, apoio educativo, acompanhamento por pares na refeição), bem como a identificação e acesso a actividades extra-curriculares que facilitassem a reaproximação e a reintegração no espaço escolar;
2- Após identificação de interesses nas áreas culturais e desportivas, procurámos facilitar a participação dos beneficiários dos seguintes modos: exploração dos recursos comunitários, apoio na inscrição e fase experimental, treino de autonomia na mobilidade e sensibilização da família para a valorização da sua participação;
3 – Na dimensão vocacional, o trabalho tem-se desenvolvido em torno das seguintes acções: revisão do percurso educativo/formativo e profissional do(a) jovem, com vista à identificação de competências e dificuldades pessoais, exploração de áreas profissionais de interesse para o beneficiário, análise do emparelhamento entre o perfil pessoal e profissional (descrição de funções, entrevista a profissionais), exploração da oferta formativa e apoio no acesso à mesma.


Capacitar a Rede de Suporte Comunitária

A capacitação da comunidade no seu todo para apoiar a criança ou jovem no seu processo de inclusão, foi concretizada nas seguintes acções:
1 - Avaliação e intervenção com famílias, tendo envolvido até à data 51 familiares dos beneficiários do projecto;
2 - Avaliação e intervenção no espaço escolar/formativo, tendo envolvido até à data 34 elementos da comunidade educativa (Director(a) de Escola, Director(a) de Turma, Professor(a) de Educação Especial, Psicólogo(a) Escolar, Coordenador de Formação Profissional e Formador) dos seguintes estabelecimentos educativos/formativos:
Lisboa: EB Francisco Arruda, Casa Pia- CED Pina Manique, Casa Pia – CED Nuno Álvares Pereira, EB 2+3 Manuel Damaia, IEFP - Serviço de Formação Profissional de Lisboa;
Oeiras: ES Luís Freitas Branco, Instituto de Tecnologias Náuticas, ES José Augusto Lucas, EB 2+3 Aquilino Ribeiro, EB 2+3 S. Julião da Barra, EBI Miraflores;
Cascais: EB 2+3 Matilde Rosa Araújo, EB 2+3 António Pereira Coutinho, EB 2+3 St.º António da Parede, ES de Alvide, EBS Carcavelos, CERCICA.
Sintra: EB 2+3 Ferreira de Castro, IEFP - Serviço de Formação Profissional de Sintra.

Experiências-Piloto
Lazer

As actividades de lazer proporcionam um conjunto de experiências às crianças/jovens que consideramos fundamentais para o seu desenvolvimento harmonioso. Entendemos que a participação em actividades significativas possibilita a exploração de interesses, o desenvolvimento de competências e autonomia, a socialização com pares, a estruturação do tempo, bem como experiências gratificantes que mobilizam a motivação da criança ou jovem para um projecto de vida. Para o efeito, tem sido uma preocupação central da nossa equipa explorar as actividades desenvolvidas pelos beneficiários, identificar interesses e oportunidades de participação na comunidade. Foi-nos possível constatar no trabalho directo com os beneficiários, que estas experiências se tornam particularmente importantes quando nos encontramos perante uma criança ou jovem em situação de absentismo/abandono escolar e isolamento social grave, com um desinvestimento significativo na sua vida. A título de exemplo, a participação de um jovem beneficiário num projecto comunitário de actividades recreativas – Possidónio + Activa – particularmente na actividade de Teatro (Anzol Castiço), mobilizou-o para desenvolver a sua autonomia bem como para um projecto de qualificação futura nas Artes do Espectáculo.

Vocacional

À medida que o mundo profissional se complexifica, também a escolha de um percurso formativo/profissional se torna mais exigente. A situação de desvantagem psicossocial acarreta um acréscimo de dificuldades nesta tarefa, uma vez que o isolamento social se traduz numa exposição limitada às oportunidades do mercado de trabalho e que a acumulação de experiências escolares ou formativas de insucesso poderá fomentar uma auto-representação desvalorizada. Assim sendo, torna-se particularmente importante rever todas as experiências de aprendizagem, formais ou informais, no sentido de identificar áreas de interesse, competências bem como limitações, para desenvolver uma auto-representação mais equilibrada. A par disso, revelou-se muito útil proporcionar aos jovens oportunidades de contacto directo com profissionais das suas áreas de interesse com o fim de conhecer a prática quotidiana do seu trabalho e o perfil necessário para o desempenho da função, tendo sido parceiras desta iniciativa várias entidades, a saber: entidades privadas sem fins lucrativos (ex: Associação Humanitária de Bombeiros de Oeiras), entidades públicas ou privadas na área da qualificação profissional (ex: IEFP – Serviço de Formação Profissional de Lisboa, CINEL) e empresas (ex: Spacetattoo).

Parceria

O trabalho desenvolvido até à data, assenta numa colaboração estreita entre os parceiros que integram o projecto, por entendermos que uma resposta às diversas necessidades dos beneficiários do projecto requer a mobilização de saberes e experiências complementares, articulados num plano integrado de cuidados. Neste sentido, temos contado com a colaboração do(a):
- Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental através de reuniões quinzenais com o Serviço de Psiquiatria de Infância e Adolescência nos quais são discutidas e planeadas as intervenções de cariz clínico e reabilitativo;
- Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar que disponibilizou sessões de supervisão à equipa móvel, no sentido de desenvolver uma análise holística e sistémica dos beneficiários em acompanhamento e de adequar os planos de intervenção em conformidade, daí decorrendo a sinalização para sessões de Terapia Familiar;
- Logframe através do desenvolvimento de uma bateria de indicadores para monitorização e avaliação do projecto, respeitando a sua filosofia e dinâmica.
A par deste trabalho, tem-se revelado importante a realização de reuniões de parceria alargada como garantia de uma visão partilhada do propósito do projecto.

Reflexões

Os primeiros seis meses de intervenção junto dos beneficiários do projecto vêm reforçar as primeiras reflexões da nossa equipa. Efectivamente, deparamo-nos com crianças e jovens cuja problemática se traduz em diferentes níveis de incapacidade. Se é possível traçar planos de reinserção a breve trecho com alguns beneficiários, numa parte significativa isso não é de todo possível. Assim sendo, os quadros de maior isolamento e desinvestimento num projecto de vida exigem uma intervenção que promova o estabelecimento de uma relação terapêutica significativa, facilitadora da exploração de interesses que mobilizem a criança ou jovem para reinvestirem no seu percurso educativo. Este trabalho de exploração requer uma abertura da comunidade envolvente, no sentido de facilitar o acesso a actividades de natureza diversa. Neste sentido, uma parte significativa do trabalho da equipa móvel deverá ser alocado ao contacto e sensibilização dos recursos comunitários.  Paralelamente, revelou-se acertado o investimento no trabalho com todo o agregado familiar dos beneficiários, que consideramos vital para o sucesso dos planos de intervenção traçados.

ARIA - Associação de Reabilitação e Integração Ajuda

Parceiros:

Logframe
Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar
Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPE

Co-financiado por:

Fundação Calouste Gulbenkian Cidadania Ativa
EEA Grants

Contactos

 

Morada: Quinta da Cabrinha loja 9A, 9B, Avenida de Ceuta 1300 Lisbo a  Email:  aria.promovete@gmail.com 

Coordenação de Projecto:  Inês Simões (Psicóloga) - 964822565 

Técnicos Superiores de Reabilitação Psicossocial:

Diogo Lima (Técnico de Reabilitação Psicomotora) - 933225101

Maria João Jorge (Assistente Social) - 933225099

 

www.aria.com.pt