Na esperança de dias mais floridos!

Existem diversos recursos terapêuticos que possibilitam a atuação junto da população com perturbação mental, que visam o desenvolvimento de competências, melhoria da qualidade de vida e bem-estar. A terapia ocupacional é a profissão que ajuda as pessoas ao longo da vida a realizarem o que querem e precisam através do uso terapêutico das ocupações significativas.

De que forma é que isto se sucede? O terapeuta ocupacional habilita para a ocupação de forma a favorecer a saúde e o bem-estar, promovendo a capacidade de escolha, organização e desempenho, de forma satisfatória, de ocupações consideradas significativas.

De modo a colmatar as dificuldades cognitivas, interativas, de planeamento e execução, apresentadas pela população com perturbação mental a atuação do terapeuta ocupacional recai sobre estas áreas, visando igualmente uma inclusão plena na sociedade e participação social ativa.

No FSO LX o terapeuta ocupacional dinamiza atividades de remediação/estimulação cognitiva; “100% português”; AVD’s; e o planeamento semanal. As atividades de remediação/estimulação cognitiva e “100% português” visam estimular e desenvolver competências cognitivas como o raciocínio, atenção e concentração e a transposição destas para os contextos reais do quotidiano. As AVD’s e o planeamento são atividades que visam uma melhor compreensão e realização das atividades diárias e a importância do planeamento de objetivos, respetivamente.

Os acompanhamentos individuais por parte do terapeuta ocupacional, têm por base a avaliação das dificuldades na realização das ocupações significativas de forma autónoma e independente e o despiste de eventuais necessidades de apoio para uma participação plena no seu processo de reabilitação e consequentemente na sociedade. Após a avaliação é definido um plano de intervenção que tem em conta aos objetivos individuais da pessoa e conta com estratégias facilitadoras da participação nas atividades de vida diária, treinos de gestão financeira, treinos de mobilidade na comunidade e o envolvimento ocupacional. Este processo é gradual e adaptado às necessidades individuais sempre que necessário.

Não percam o próximo número para saber mais sobre a nossa equipa!

São estas algumas das palavras que os utentes da Residência de Treino de Autonomia utilizaram ao longo deste ano de pandemia para caracterizar este período.

A reabilitação psicossocial  faz-se pelas mais diversas e variadas práticas junto da pessoa com doença mental. Todas estas práticas têm como objetivo promover o seu bem-estar, fomentando o desenvolver ou o potenciar de capacidades que permitam o reorganizar de uma vida equilibrada o mais independente e autónoma possível, potenciando o controlo da doença e evitando a deterioração da pessoa.

Sendo a autonomia uma das etapas fundamentais do processo de reabilitação de saúde mental em utentes com doença grave, denota-se que esta se tem apresentado reduzida ao longo deste ano, uma vez que a maior parte dos utentes da RTA participavam em atividades na comunidade o que neste momento não se verifica.  Estes programas de reabilitação são mutáveis consoante o espaço e o tempo e incidem na educação para a doença, no treino de competências sociais, e nas intervenções psicoeducacionais com os utentes e seus familiares e nos apoios nas áreas residenciais, de emprego e inclusão social.

A rotina diária foi substituida por atividades implementadas pelos diferentes técnicos da área social, psicologia, enfermagem, reabilitação psicomotora entre outros, tentando desta forma reiventar as rotinas anteriores dos utentes e manté-los ativos e funcionais. Neste sentido as estratégias implementadas têm como objetivo fomentar o processo de recovery, isto é um processo durante o qual o sujeito com doença mental grave experiencia um crescimento das suas capacidades, que o habilitam para uma vida plena e saudável, para o seu bem-estar global, englobando fatores psicológicos, sociais e físicos.

Capacitar o utente das ferramentas acima referidas, é todos os dias um desafio, para os profissionais e para os utentes permitindo criar uma relação terapêutica de adaptação constante.

Enfermeiro Pedro Gonçalves
- Residência de Treino de Autonomia

Eis o feedback das colegas Assistentes Sociais, Dra. Helena Rita e Dra. Margarida Pereiras, das Equipas Comunitárias de Oeiras e Dafundo, do Hospital Egas Moniz - HEM, entidade que mais tem apostado na referenciação para a nossa Equipa.

1. Quais os benefícios para a resposta hospitalar em poder encaminhar para a EAD?

Enquanto assistentes sociais a desenvolver atividade nas Equipas Comunitárias de Saúde Mental na zona de Oeiras, deparamo-nos com muitas dificuldades e necessidades. Este projeto, enquanto resposta específica e domiciliária na área da saúde Mental, veio colmatar um vazio de respostas no que diz respeito ao apoio nas atividades de vida diárias dos nossos utentes.

Desde a proximidade os utentes, à assiduidade e ao facto de se constituir como equipa multidisciplinar especializada no acompanhamento ao utente e suas famílias, permite uma intervenção holística que traz benefícios que nenhuma outra resposta conseguia, até aqui, dar.

O facto de podermos encaminhar os nossos utentes para a EAD, facilita todo o processo de intervenção, uma vez que apurada uma necessidade que se encaixe no apoio dado pela equipa, é muito gratificando poder, efetivamente, propor um acompanhamento especializado e completo, que sabemos que irá ajudar o utente e família no processo de reabilitação psicossocial.  

2. De que forma sentem que a ARIA em CASA se complementa à resposta hospitalar?

Não existe trabalho de maior proximidade aos utente e famílias do que um trabalho efetuado no domicílio, onde é possível apurar e intervir com mais exatidão nas necessidades e potencialidades existentes. Apesar das equipas hospitalares tentarem cada vez mais ser equipas de proximidade, sentimos que a ARIA em Casa complementa e preenche as dimensões a que os nossos Serviços não dão resposta.

Assim, o trabalho entre equipa hospitalar e EAD torna-se fundamental uma vez que se complementa e atua em esferas que, apesar de distintas, visam o bem-estar e autonomização. 

3. Qual a feedback dos utentes e Equipa Clínica, relativa à ARIA em CASA?

É o nosso parecer que tanto utentes e Equipa clínica reconhecem a importância do trabalho realizado pela ARIA em Casa. Especialmente no contexto de pandemia, foi visível a importância do acompanhamento, ainda que telefónico, aos utentes que se debatiam com situações de grande isolamento e solidão.

A ARIA fez (e faz) a diferença! E os utentes e técnicos, sabem-no.

Cada vez mais os próprios profissionais apercebem-se dos efeitos positivos da intervenção da EAD, estando conscientes da importância da manutenção acompanhamento aos utentes já referenciados, bem como dos benefícios para referenciar novos casos.

Numa área de intervenção tão desafiante como a Saúde Mental, todos os intervenientes conseguem aperceber-se da importância de um trabalho de proximidade.   

Ágata Oliveira
Diretora Técnica/ Assistente Social