Aria

Projecto PROMove-te

Equipa Móvel de Apoio a Crianças e Jovens com Problemas de Saúde Mental

A ARIA – Associação de Reabilitação e Integração Ajuda é promotora de um projeto piloto de prestação de cuidados integrados, clínicos e de reabilitação psicossocial, através da criação de uma equipa móvel que intervirá junto de crianças e jovens com problemas de saúde mental entre os 10 e os 25 anos de idade e residentes nos concelhos de Lisboa, Oeiras e Cascais. Este projeto decorrerá entre Setembro de 2014 e Fevereiro de 2016, sendo co-financiado pelo Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA Grants), cuja gestão está a cargo da Fundação Calouste Gulbenkian.

Um Projecto-Piloto

Parceiros

Os problemas de saúde mental afectam diversas esferas de vida, exigindo abordagens multidimensionais. Neste sentido, os parceiros - ARIA, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Logframe e Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar - foram convidados a integrar o projecto em função das suas áreas de intervenção e experiência, tendo por base a premissa de que os processos de inclusão em saúde mental serão tão mais eficazes quanto contribuírem para a estabilidade clínica, autonomia, bem como para a capacitação do meio envolvente da criança ou adolescente.

Objectivos

Este projeto piloto pretende criar uma intervenção em rede que dê resposta aos seguintes objetivos: promover a evolução favorável do problema de saúde mental e facilitar a inclusão dos beneficiários nos contextos normativos de cada faixa etária (casa, escola e emprego), capacitar a rede de suporte para apoiar o processo de recuperação e inclusão, bem como identificar os factores chave para o sucesso da intervenção em rede e disseminar boas práticas.

Beneficiários

O PROMove-te prevê a resposta a 50 beneficiários, crianças, adolescentes ou jovens em situação de vulnerabilidade decorrente de uma doença mental. Os beneficiários são encaminhados pelos Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência e Serviço de Psiquiatria de Adultos, através das suas equipas comunitárias de saúde mental, do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, com vista à sua inclusão social, educacional e cultural, bem como à capacitação dos jovens para a empregabilidade.

Trabalho Realizado

Promover a evolução favorável do problema de Saúde Mental Até Dezembro de 2014, o Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental encaminhou para a equipa móvel 20 crianças/jovens: 13 do sexo masculino e 7 do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 13 e os 24 anos e residentes nos concelhos de Lisboa, Oeiras, Cascais e Sintra. Um dos eixos centrais da intervenção prende-se com a promoção da adesão à consulta e ao tratamento, na medida em que a melhoria clínica da criança ou jovem resulta na redução do sofrimento e facilita a conquista da sua autonomia e funcionalidade. Para esta meta concorrem diferentes acções, a saber: - Avaliar as representações que a criança/jovem e respectiva família têm sobre o problema de saúde mental e sobre o tratamento; - Realizar sessões psicoeducativas com a criança/jovem e/ou família para identificar factores de protecção e de risco a uma evolução favorável do problema de saúde mental; - Participar em reuniões clínicas com as equipas de saúde mental no sentido de delinear planos integrados de intervenção.

Facilitar a Inclusão A equipa pretende desenvolver competências pessoais e interpessoais que facilitem a adaptação aos contextos em que a criança ou jovem se encontra inserido. Até à data, as acções desenvolvidas neste âmbito têm-se centrado em: 1- Promover a reaproximação à escola nas situações de recusa escolar, através da identificação das dificuldades sentidas pela criança/jovem, do desenvolvimento de estratégias para lidar com as mesmas, bem como da activação de suportes no espaço escolar que ajudem a ultrapassar os obstáculos identificados; 2- Explorar oportunidades de participação em actividades recreativas que promovam o desenvolvimento de interesses e competências, além de proporcionarem oportunidades de socialização com pares, essenciais ao desenvolvimento harmonioso da criança/jovem; 3 - Promover experiências de orientação vocacional, através da revisão do percurso educativo/formativo e profissional do(a) jovem com vista à identificação das competências desenvolvidas e da exploração de interesses vocacionais (ex: descrição de funções, entrevista a profissionais, job shadowing).

Capacitar a Rede de Suporte Comunitária O desconhecimento do impacto dos problemas de saúde mental e das necessidades especiais desta população conduz, naturalmente, à ausência de apoios vitais ao sucesso educativo e profissional, entre outros. Assim sendo, uma dimensão substantiva do projecto é a capacitação da comunidade no seu todo para apoiar a criança ou jovem no seu processo de inclusão, materializada nas seguintes acções: 1 - Avaliação e intervenção com famílias, tendo envolvido 31 familiares dos beneficiários do projecto; 2 - Avaliação e intervenção no espaço escolar, tendo envolvido 16 elementos da comunidade educativa (Director(a) de Escola, Director(a) de Turma, Professor(a) de Educação Especial, Psicólogo(a) Escolar) dos seguintes estabelecimentos educativos: Escola Básica Francisco Arruda, Escola Secundária Luís Freitas Branco, Instituto de Tecnologias Náuticas, Casa Pia- Colégio Pina Manique, Escola Básica 2+3 Ferreira de Castro, Escola Básica 2+3 Manuel Damaia, Escola Secundária José Augusto Lucas.

Reflexões

Os primeiros meses de implementação do projecto têm representado uma experiência enriquecedora e desafiante para a equipa PROMove-te. O trabalho desenvolvido com os beneficiários, famílias e comunidade educativa tem validado a pertinência e necessidade deste tipo de resposta. Temos encontrado abertura na comunidade para desenvolver um trabalho conjunto que dê resposta adequada às múltiplas necessidades da criança/jovem com este tipo de problemática. O desafio principal com que nos temos deparado é a elevada percentagem de beneficiários que apresenta absentismo/recusa escolar, com elevado risco de abandono e consequentes repercussões para o seu percurso educativo e inserção social. Assim sendo, deparamo-nos com a necessidade de reformular os objectivos da intervenção, priorizando a reaproximação ao espaço escolar ao invés do seu rendimento.