ARIA

Newsletter, Janeiro 2016

ARIA
Projecto PROMove-te
Equipa Móvel de Apoio a Crianças e Jovens com Problemas de Saúde Mental

A ARIA – Associação de Reabilitação e Integração Ajuda é promotora de um projeto piloto de prestação de cuidados integrados, clínicos e de reabilitação psicossocial, através da criação de uma equipa móvel que intervirá junto de 50 crianças e jovens com problemas de saúde mental. Os beneficiários têm idades compreendidas entre os 10 e os 25 anos, são residentes nos concelhos de Lisboa, Oeiras e Cascais e o seu encaminhamento é assegurado pelos Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência e Serviço de Psiquiatria de Adultos, através das suas equipas comunitárias de saúde mental, do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental. 

O projeto pretende criar uma intervenção em rede que dê resposta aos seguintes objetivos: promover a evolução favorável do problema de saúde mental e facilitar a inclusão dos beneficiários nos contextos normativos de cada faixa etária (casa, escola e emprego), capacitar a rede de suporte para apoiar o processo de recuperação e inclusão, bem como identificar os factores chave para o sucesso da intervenção em rede e disseminar boas práticas. Neste sentido, os parceiros - ARIA, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Logframe e Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar -  integram o projecto em função das suas áreas de intervenção e experiência. 

Este projeto iniciou em Setembro de 2014 e terminará em Fevereiro de 2016, sendo co-financiado pelo Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA Grants), cuja gestão está a cargo da Fundação Calouste Gulbenkian.

Trabalho Realizado

Em Outubro de 2015 concluímos um ano de intervenção com os beneficiários do projeto, tendo envolvido um total de 213 pessoas nos planos de intervenção. No trabalho desenvolvido com 50 crianças/jovens, participaram 84 cuidadores (familiares ou outros prestadores de cuidados) e 79 figuras de suporte (desde professores, técnicos de saúde ou outros profissionais).
A título ilustrativo de um plano de intervenção integrado, podemos descrever o caso de um jovem beneficiário do projeto. Quando nos foi referenciado, o jovem de 16 anos encontrava-se em situação de abandono escolar e de isolamento social marcado, decorrentes de um agravamento clínico e de um marcado sofrimento, não obstante existir um acompanhamento regular médico e psicoterapêutico. O contacto com a equipa clínica revelou-se fundamental na promoção da adesão ao tratamento. No que diz respeito aos papéis sociais típicos de um jovem, iniciámos a intervenção através da adesão a atividades lúdicas que revertessem a situação de isolamento social, paralelamente a um trabalho psicoeducativo com o jovem e família que permitisse enquadrar e compreender as suas dificuldades relacionais e as estratégias a implementar. No início do ano letivo, e tendo a família feito a inscrição numa nova escola, estabelecemos contacto com a equipa pedagógica no sentido de explorar os recursos existentes que pudéssemos mobilizar para o processo de adaptação ao novo ambiente escolar.



Jornada de Reflexão

No dia 11 de Setembro realizámos uma jornada de reflexão com o objetivo de estimular uma análise crítica do trabalho desenvolvido ao longo do projeto por parte de todos os intervenientes. Para o efeito foram convidados as crianças e jovens, as respetivas famílias, bem como as figuras de suporte comunitárias. Foi possível contar com 38 participantes, dos quais 10 eram jovens beneficiários, 10 familiares e 18 técnicos, provenientes das equipas clínicas, escolas e CQEP.
A reflexão foi estimulada através de dinâmicas de grupo, cuja discussão foi feita quer de modo alargado quer por subgrupo de intervenientes (crianças/jovens, famílias e profissionais). Na reflexão com as crianças e jovens e com as famílias, foi possível identificar mais-valias do projeto e da intervenção desenvolvida, mas ficou aquém na identificação de aspetos a melhorar. Um aspeto importante deste momento de reflexão foi a oportunidade dos jovens se conhecerem e terem oportunidade de identificar nos outros algumas das suas vivências. Salientaram particularmente a qualidade da relação com o técnico de referência como fator facilitador do seu processo de recuperação e inclusão, sublinhando a importância da priorização do seu bem-estar relativamente ao cumprimento de quaisquer papéis sociais socialmente expetáveis (ex: aluno). Esta questão em particular foi alvo de uma alguma controvérsia, particularmente por parte dos professores presentes para quem é expectável que a escola assuma a centralidade da intervenção. Por parte das famílias, foram identificados como os aspetos mais positivos a disponibilidade de um técnico a quem recorrer em momentos de dificuldade e que pode intervir nos contextos onde se manifesta o problema. Além disso, foi muito valorizada a importância deste técnico servir de mediador quando temos um conjunto de intervenientes muito diversificado e cuja articulação se torna difícil (ex: equipas clínicas, escolas, CPCJ, etc.).
A participação nesta jornada foi valorizada pelos intervenientes e permitiu à equipa de projeto confirmar a necessidade de promover mais encontros de partilha entre todos. No entanto, a dispersão geográfica do projeto foi um obstáculo importante no desenvolvimento destes espaços de partilha, uma vez que os beneficiários e respectivas famílias eram residentes de quatro concelhos diferentes.



Disseminação

Ao longo dos últimos meses, os parceiros do projeto tiveram oportunidade de divulgar a experiência desenvolvida ao longo do projeto em dois momentos:
- Apresentação de póster no âmbito do XXVI Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, realizado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, de 27 a 29 de Maio de 2015.
- Apresentação de Comunicação no 5º Encontro Nacional de Utentes e Cuidadores em Saúde Mental: Saúde Mental, Prevenção, Intervenção, Recuperação, no âmbito de um workshop intitulado Projetos de Intervenção com Crianças e Jovens em Saúde Mental, realizado no passado dia 24 de Setembro na Universidade de Évora.
A divulgação da nossa experiência foi acolhida com particular interesse por parte dos participantes, suscitando curiosidade por mais informação.


Reflexões

Ao aproximarmo-nos da conclusão da intervenção com as crianças/jovens e respetiva rede de suporte é-nos possível fazer uma apreciação mais global de todo o processo. A mobilidade da equipa e a possibilidade de intervenção nos diferentes contextos de vida das crianças e jovens revelou-se um aspeto fundamental para o trabalho desenvolvido. A expressão de dificuldades emocionais, relacionais e sociais que se traduzem na ausência de vínculos com pares, comunidade educativa e equipas clínicas exige uma intervenção mais proactiva que se deverá centrar antes de qualquer intervenção no estabelecimento de uma relação de confiança. Essa relação é condição essencial para ajudar a criança/jovem a planear um projeto que promova o seu bem-estar, na relação consigo, com os outros e com a comunidade em que se encontra inserido. Os constrangimentos impostos pela duração do projeto, salientaram a importância do tempo para o seu acompanhamento, uma vez que estes processos não são lineares e se caracterizam por avanços e retrocessos. Esta, aliás, foi uma das ideias chave que transmitimos a toda a rede de suporte dos beneficiários do projeto, uma vez que a melhor forma de apoiar os processos de recuperação é acreditar nas potencialidades dos jovens e das famílias, não desmoralizando nem desinvestindo quando se deparam com adversidades e insucessos ao longo do percurso. 

ARIA - Associação de Reabilitação e Integração Ajuda

Parceiros:

Logframe
Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar
Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, EPE

Co-financiado por:

Fundação Calouste Gulbenkian Cidadania Ativa
EEA Grants

Contactos

 

Morada: Quinta da Cabrinha loja 9A, 9B, Avenida de Ceuta 1300 Lisbo a  Email:  aria.promovete@gmail.com 

Coordenação de Projecto:  Inês Simões (Psicóloga) - 964822565 

Técnicos Superiores de Reabilitação Psicossocial:

Diogo Lima (Técnico de Reabilitação Psicomotora) - 933225101

Maria João Jorge (Assistente Social) - 933225099

 

www.aria.com.pt