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Projecto PROMove-te
Equipa Móvel de Apoio a Crianças e Jovens com Problemas de Saúde Mental
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A ARIA – Associação de Reabilitação e Integração Ajuda é promotora de um projeto piloto de prestação de cuidados integrados, clínicos e de reabilitação psicossocial, através da criação de uma equipa móvel que intervirá junto de 50 crianças e jovens com problemas de saúde mental. Os beneficiários têm idades compreendidas entre os 10 e os 25 anos, são residentes nos concelhos de Lisboa, Oeiras e Cascais e o seu encaminhamento é assegurado pelos Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência e Serviço de Psiquiatria de Adultos, através das suas equipas comunitárias de saúde mental, do Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental.
O projeto pretende criar uma intervenção em rede que dê resposta aos seguintes objetivos: promover a evolução favorável do problema de saúde mental e facilitar a inclusão dos beneficiários nos contextos normativos de cada faixa etária (casa, escola e emprego), capacitar a rede de suporte para apoiar o processo de recuperação e inclusão, bem como identificar os factores chave para o sucesso da intervenção em rede e disseminar boas práticas. Neste sentido, os parceiros - ARIA, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental, Logframe e Sociedade Portuguesa de Terapia Familiar - integram o projecto em função das suas áreas de intervenção e experiência.
Este projeto iniciou em Setembro de 2014 e terminará em Fevereiro de 2016, sendo co-financiado pelo Mecanismo Financeiro do Espaço Económico Europeu (EEA Grants), cuja gestão está a cargo da Fundação Calouste Gulbenkian.
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Em Outubro de 2015 concluímos um ano de intervenção com os beneficiários do projeto, tendo envolvido um total de 213 pessoas nos planos de intervenção. No trabalho desenvolvido com 50 crianças/jovens, participaram 84 cuidadores (familiares ou outros prestadores de cuidados) e 79 figuras de suporte (desde professores, técnicos de saúde ou outros profissionais).
A título ilustrativo de um plano de intervenção integrado, podemos descrever o caso de um jovem beneficiário do projeto. Quando nos foi referenciado, o jovem de 16 anos encontrava-se em situação de abandono escolar e de isolamento social marcado, decorrentes de um agravamento clínico e de um marcado sofrimento, não obstante existir um acompanhamento regular médico e psicoterapêutico. O contacto com a equipa clínica revelou-se fundamental na promoção da adesão ao tratamento. No que diz respeito aos papéis sociais típicos de um jovem, iniciámos a intervenção através da adesão a atividades lúdicas que revertessem a situação de isolamento social, paralelamente a um trabalho psicoeducativo com o jovem e família que permitisse enquadrar e compreender as suas dificuldades relacionais e as estratégias a implementar. No início do ano letivo, e tendo a família feito a inscrição numa nova escola, estabelecemos contacto com a equipa pedagógica no sentido de explorar os recursos existentes que pudéssemos mobilizar para o processo de adaptação ao novo ambiente escolar.
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No dia 11 de Setembro realizámos uma jornada de reflexão com o objetivo de estimular uma análise crítica do trabalho desenvolvido ao longo do projeto por parte de todos os intervenientes. Para o efeito foram convidados as crianças e jovens, as respetivas famílias, bem como as figuras de suporte comunitárias. Foi possível contar com 38 participantes, dos quais 10 eram jovens beneficiários, 10 familiares e 18 técnicos, provenientes das equipas clínicas, escolas e CQEP.
A reflexão foi estimulada através de dinâmicas de grupo, cuja discussão foi feita quer de modo alargado quer por subgrupo de intervenientes (crianças/jovens, famílias e profissionais). Na reflexão com as crianças e jovens e com as famílias, foi possível identificar mais-valias do projeto e da intervenção desenvolvida, mas ficou aquém na identificação de aspetos a melhorar. Um aspeto importante deste momento de reflexão foi a oportunidade dos jovens se conhecerem e terem oportunidade de identificar nos outros algumas das suas vivências. Salientaram particularmente a qualidade da relação com o técnico de referência como fator facilitador do seu processo de recuperação e inclusão, sublinhando a importância da priorização do seu bem-estar relativamente ao cumprimento de quaisquer papéis sociais socialmente expetáveis (ex: aluno). Esta questão em particular foi alvo de uma alguma controvérsia, particularmente por parte dos professores presentes para quem é expectável que a escola assuma a centralidade da intervenção. Por parte das famílias, foram identificados como os aspetos mais positivos a disponibilidade de um técnico a quem recorrer em momentos de dificuldade e que pode intervir nos contextos onde se manifesta o problema. Além disso, foi muito valorizada a importância deste técnico servir de mediador quando temos um conjunto de intervenientes muito diversificado e cuja articulação se torna difícil (ex: equipas clínicas, escolas, CPCJ, etc.).
A participação nesta jornada foi valorizada pelos intervenientes e permitiu à equipa de projeto confirmar a necessidade de promover mais encontros de partilha entre todos. No entanto, a dispersão geográfica do projeto foi um obstáculo importante no desenvolvimento destes espaços de partilha, uma vez que os beneficiários e respectivas famílias eram residentes de quatro concelhos diferentes.
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Ao longo dos últimos meses, os parceiros do projeto tiveram oportunidade de divulgar a experiência desenvolvida ao longo do projeto em dois momentos:
- Apresentação de póster no âmbito do XXVI Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Psiquiatria da Infância e da Adolescência, realizado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, de 27 a 29 de Maio de 2015.
- Apresentação de Comunicação no 5º Encontro Nacional de Utentes e Cuidadores em Saúde Mental: Saúde Mental, Prevenção, Intervenção, Recuperação, no âmbito de um workshop intitulado Projetos de Intervenção com Crianças e Jovens em Saúde Mental, realizado no passado dia 24 de Setembro na Universidade de Évora.
A divulgação da nossa experiência foi acolhida com particular interesse por parte dos participantes, suscitando curiosidade por mais informação.
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Reflexões
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Ao aproximarmo-nos da conclusão da intervenção com as crianças/jovens e respetiva rede de suporte é-nos possível fazer uma apreciação mais global de todo o processo. A mobilidade da equipa e a possibilidade de intervenção nos diferentes contextos de vida das crianças e jovens revelou-se um aspeto fundamental para o trabalho desenvolvido. A expressão de dificuldades emocionais, relacionais e sociais que se traduzem na ausência de vínculos com pares, comunidade educativa e equipas clínicas exige uma intervenção mais proactiva que se deverá centrar antes de qualquer intervenção no estabelecimento de uma relação de confiança. Essa relação é condição essencial para ajudar a criança/jovem a planear um projeto que promova o seu bem-estar, na relação consigo, com os outros e com a comunidade em que se encontra inserido. Os constrangimentos impostos pela duração do projeto, salientaram a importância do tempo para o seu acompanhamento, uma vez que estes processos não são lineares e se caracterizam por avanços e retrocessos. Esta, aliás, foi uma das ideias chave que transmitimos a toda a rede de suporte dos beneficiários do projeto, uma vez que a melhor forma de apoiar os processos de recuperação é acreditar nas potencialidades dos jovens e das famílias, não desmoralizando nem desinvestindo quando se deparam com adversidades e insucessos ao longo do percurso.
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Contactos
Morada: Quinta da Cabrinha loja 9A, 9B, Avenida de Ceuta 1300 Lisbo a Email: aria.promovete@gmail.com
Coordenação de Projecto: Inês Simões (Psicóloga) - 964822565
Técnicos Superiores de Reabilitação Psicossocial:
Diogo Lima (Técnico de Reabilitação Psicomotora) - 933225101
Maria João Jorge (Assistente Social) - 933225099
www.aria.com.pt
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